sábado, 5 de julho de 2008

Thubiruba, O filho, o caseiro e o pote de mel.


A lã teceu, reproduziu, levantou, empinou, e passou-me a rasteira!Precisas de alguém para te acompanhar no teus sonhos! Me disse a tal abelhuda.

Mas do teu mel eu devorei, me lambuzei. Me peguei todo melado nos sonhos de meus filhos, um de apenas cinco anos, eram deliciosos. Utilizei calda de caramelo para evitar a indigestão, tive insônia, disse-lhe que não poderia ser astronauta.

A insônia, incompreensiva que só eu pra lhe dizer, me respondeu!Nem astronauta, nem poeta, e nem um augusto andarilho! Como assim?

Exatamente assim meu filho. Não seja escravo de suas idéias. Trabalhe, seja alguém na vida. Não me vês em sua idade. Casa, título, na carteira o dinheiro que se esvaía a cada refeição do leão, pensas na tua felicidade improvável e troque-a pelo correto, certo, favorável situação. O velho andarilho amigo do poeta és um fracasso.

Analisei seu corpo sem graça de topmodel, e triturei-a com meu ralador de queijo.Refleti, por meses, anos, séculos, galáxias, ursos polares.O Louco deixa-se devorar pela idéia. O Sábio controla-a! - gritou minha mente inconseqüente, ou nem tanto.

Tomei café com coca-cola a fim de acordar, desmaiei. Andava nas nuvens, sem a poluição corriqueira, cotidiana. Perdi um braço. Procurei na colméia das abelhas mais espertas que eu e só encontrei cocaína. Fui controlado.

Abocanhei um punhado e meio de algodão doce em que eu pisava. O zangão, banhado da farinha esbranquiçada, ligadão, se dirigiu à mim, zonzo."Fora Verme!"

E as idéias eram expulsas à mando dele. Todas desenfreadas ganhando espaço pra fora dos ouvidos, desciam como minhocas de barro e pano que eram, antíteses? Só o correto ganhava o espaço antes alienado por sonhos de uma vida singela e astuta, mais erótica que a de meu pai. Minha mente gritava tunada e irada!!

Cheio de líquido renal banhando a vista, transmutava-me em um Búfalo Ideal. Senti marteladas no estômago, no âmago, amei os sonhos se esvaindo. Não deveria deixar que conseguissem extrair o pólen da irrealidade. Avancei contra a sociedade legítima e trabalhadora, contra o sinal vermelho, só sentia o peso de um estômago com boas inverdades e criatividade ilimitada.

Olhei no espelho e vi sujeira no paletó. Mais um cidadão padrão, adequei-me silencioso na classe média, antítese de novo. E outro e outro, ovo no café da manhã e suco de laranja de meus amigos de antes, afogadas, as lembranças dormiam como tubarões de barriga cheia. Nunca estivemos em Kamelot. Sonhei com aquelas abelhas que zombavam de mim numa festa de quinze anos onde eu era o príncipe, nunca mais.

Limpei a gola, lento e gordo, com vontades de absorver mclanches. Nunca! Atirei as flechas de tesão no meu espelho que reverteu minha ilusão numa paranormalidade. Fui até meu vizinho, abracei-o. Mandei rosas à dona margarida. Agradeci o doutor capitalista por ter me operado. Saquei minha multi-metralhadora, e usei-a como suporte para meu sorvete de ameixas silvestres, horrível.

Cansado e saciado, dormi. Lembrei de meu pai me falando asneiras na cozinha, refleti, meu espelho se quebrou. Sorri amarelo, expulsei mosquitos de casa, meu sangue não seria mais sugado. Raspei a cabeça, pichei os muros da faculdade.

Vinte e um de julho era o dia seguinte, me dei conta. Na cozinha, de frente pro meu fardo em forma de corpo humano, meu pequeno filho chorava por saber que não seria astronauta... Antítese?Procurei, como nunca desculpas insaciáveis, meias verdades que iam me lançando bigornas na coluna, bigornas, toneladas. A criança, a espera, a ampulheta rolando. Virara um urso, o pequeno. Destruiu todo o casebre, me lançou num penhasco sem fim, e nele só minhas malévolas atitudes porcas.
Dessa vez não era figura de linguagem...

Por Anais da Loucura e Tears of Blues.

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