sexta-feira, 27 de junho de 2008

Na casa de seu Zé.




De palha queimada à marfim e diamantes...
Casa da arte, da abrangência das idéias.
Livros por todos os lados dilatados a cada caminho diferente que se encontra.
Meias verdades com verdades inteiras, ou mescladas, mastigadas, ou inexistentes.
Na porta um velho caboclo, com chapéu de palha e calos nos dedos.

Uma cadeira de balanço mágica, constituída de sonhos. O idoso de tez morena, em sua boca pita um cachimbo, que lhe faz sufocar de tanto realismo. Uma casa pequena, por fora, mas só por fora. Flexível, em forma de gelatina.
Seu telhado, um vulcão de latim, hebraico, polonês e Tupi- Guarani.
Enquanto você aproxima-se do imóvel tão temido.
Sua essência é absorvida, você é seduzido, passa a ser um sonâmbulo.
Já não utiliza de seus sentimentos para analisar, é completamente arbitrário, e extrai tudo.

Uma casa encontrada depois de uma caverna, que é depois de uma floresta e que fica depois de um riacho.
O velho vai e vem, naquela cadeira ensurdecedora.
Bate seu chinelo de couro no taco do chão, de forma que seu coração passa a pulsar no mesmo rítmo.
Nas janelas, ídolos do Rock dançando Ballet e o Corcunda de Notre Dame lecionando etiqueta.
Na casa de seu Zé tem um jardim, de abóboras açucaradas, cujas dão enormes pés de feijão pelo verão. Na casa de seu Zé, tem um poço. Lá sempre tem festa.

A casa de seu Zé é longe. Já foram milhões de passos na areia fofa e nada de chegar.
A casa de seu Zé existe, eu sei que existe.
A casa de seu Zé tem, Povilho, manteiga, xenofobia e autoritarismo, ditadura.
Na casa de seu Zé mora o bobo da corte.
Tá, confesso, a casa de seu zé sou eu.






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